João Amaral faz parte da equipe da Turma do Bem em Portugal. Ele veio ao Brasil para nos ajudar em nossa capacitação anual, e escreveu em carta a impressão que levou daqui…
“Depois de um mês em São Paulo, vindo de Portugal para trabalhar por um tempo na Turma do Bem, aceitei o convite de um amigo da ONG para ir ver o clássico de futebol São PauloxCorinthians.
No início fiquei um pouco de pé atrás, pois a Portugal chegam algumas notícias de violência no futebol brasileiro. Mas fiquei descansado quando me foi dito que seria tranquilo, pois iríamos para uma bancada do Morumbi, onde estariam majoritariamente famílias.
Na caminhada para o estádio o que mais me surpreendeu foi que toda a gente vestia a camisola do clube do seu coração, e eu também… Mas não a do clube do meu coração! Esse estava a 8000 km de distância.
Apito inicial, e a bola a rolar… Um “show” contínuo por parte de todos os adeptos que estavam no estádio, que não paravam de gritar pelo seu São Paulo. Rapidamente entrei no ambiente, começando a puxar pelo clube da casa.
Mas infelizmente ao intervalo, aquilo que eu temia e que já tinha esquecido, aconteceu: violência. Não sei quem começou, ou porque começou, mas ver uma das claques em confrontos com a polícia… Mas o que mais me incomodou, apesar de estarmos no ponto oposto do estádio, foi ver pais a pegar nos seus filhos e a abandonar o estádio…
O mundial de futebol está ai à porta, e com ele pessoas de todo o mundo vão conhecer pessoalmente este grandioso país. Será com certeza uma boa oportunidade para mudar a imagem que é passada lá para fora, e que infelizmente é realidade.
Realmente, desde que cheguei, o que mais me impressionou foi a a falta de segurança espalhada em todo o lado. Grades e mais grades, seguranças em todos os prédios que mais parecem prisões… É estranho isto acontecer num país onde todos são tão amáveis e prestativos… Onde a simpatia se reflete nos olhos da maioria.
A verdade é que além da situação que aconteceu no estádio, não presenciei qualquer outro tipo de violência, roubo ou situação que possa chamar de perigosa. Ao longo do tempo, fui me apercebendo o porquê de tanta segurança (é muita gente numa mesma cidade). E como se diz pela minha terra, “mais vale prevenir que remediar”. Entendo que vivem assim, que têm que viver assim, mas eu não conseguiria…
Foi uma experiência brutal. Tive a oportunidade e o prazer de conviver com pessoas extraordinárias, que tudo fazem pelos outros, muitas vezes prejudicando a elas próprias. Foi fácil vir embora, pois o que me esperava é muito forte, mas todos ficaram no meu coração.
Obrigado a todos, por tudo.
Ah… E naquele dia no Morumbi, só faltou o Ceni marcar para a festa ser completa.”