Mais um não
16/07/13 13:20“Boa tarde,
Amigos do bem, estou precisando de ajuda. Tenho 35 anos e preciso fazer alguns implantes. Não estou na escala de situação crítica, porém sou trabalhadora e assalariada. E como vocês sabem, esse tratamento sai muitíssimo caro. Já fiz três orçamentos e ficaram na média de R$ 11.000,00. Será que é possível algum de vocês me ajudarem e cobrarem um preço que eu consiga pagar. Porque estou próxima de tirar o aparelho dentário e preciso resolver isso. Mas não tenho condições de entrar nessa dívida, pois não terei como pagar. E já está afetando a minha autoestima. Aguardo ansiosa uma resposta positiva, vi o trabalho que foi realizado na telespectadora do Caldeirão do Hulk.
Desde já agradeço.
Sem mais,
A.”
Infelizmente tive de dizer mais um não. A moça está fora de nossas faixas de atendimento – jovens entre 11 e 18 anos e mulheres que vivenciaram situações de violência doméstica e que frequentam centros de apoio.
Entretanto, esse caso me chamou bastante a atenção. Ele é um retrato do momento pelo qual o Brasil vem passando. Vivemos anos de boom econômico. E junto a isso, assistimos a uma ascensão sem precedentes da classe C. O que, óbvio, deu poder de consumo a milhões de brasileiros. Entretanto, mesmo assim, a Odontologia continuou sendo um artigo de luxo… “consumido” pelos mesmos privilegiados de sempre.
Quando ela diz que não está “na escala de situação crítica”, fica evidenciado que as mazelas sociais brasileiras não podem ser resolvidas simplesmente com a popularização das televisões de LCD, dos smartphones ou do acesso a carro zero. O problema é muito mais profundo.
De que adianta tudo isso se a população segue privada de seus direitos mais básicos?! De que serve um celular ultratecnológico se Educação e Saúde de qualidade ainda são inacessíveis a maior parcela da população?! De que adianta uma economia aquecida se centenas de milhões ainda vivem com dor ou com vergonha do próprio sorriso?
Acho que o problema vai além do governo, ao mesmo tempo que os governantes se preocupam em dar acesso a produtos e objetos, a população acaba se preocupando apenas com os bens materiais. O que falta no país é estrutura, não bens materiais.
E vem dona Dilma e seus amigos dizer que temos o Brasil Sorridente, que vamos ter médicos estrangeiros.
Me pergunto até quando vamos permitir que o governo roube o cofre público, dispense energia em aprovar leis descabidas e ria da nossa cara.
Muito triste ver que as prioridades do nosso país ainda não é atender as necessidades básicas da população. Há mais ou menos 3 semanas, o Governo brasileiro proibiu a análise da ONU sobre sistema de saneamento básico do país. Por que isso se propagamos que a qualidade de vida melhorou muito? Acesso a celulares, computadores, etc é importante, mas educação, saúde e dignidade são muito mais.