Choque de Realidade
11/07/13 15:28A gente, quando vem pro Rio de Janeiro, se acostuma com o lado bom da cidade. Eu mesmo, dificilmente fujo do circuito Barra/Zona Sul.
Ai, quando pensamos nas favelas, o que vem à nossa cabeça são as tais UPPs – Unidade de Polícia Pacificadora… o que dá aquela sensação de que a criminalidade se escafedeu de uma hora pra outra. Tem até morro que virou ponto turístico do Rio de Janeiro… Tipo: macumba pra turista!
Mas, de verdade, as coisas não são bem assim. O buraco é bem mais embaixo. E o paraíso não é tão bom quanto parece (nos cartões postais, claro!).
Ontem de manhã nós realizamos, aqui no Rio, uma triagem do Apolônias do Bem. Precisávamos selecionar novas beneficiárias para o projeto… mulheres que vivenciaram situações de violência doméstica. Após uma pesquisa na internet, chegamos ao Centro de Referência de Mulheres da Maré – Carminha Rosa, localizado na Vila do João, Complexo da Maré. Uma das muitas comunidades que ainda não foram pacificadas.
Sério… choque de realidade!
Vou compartilhar com vocês aqui o depoimento da Dra. Marina Eid, coordenadora do projeto:
“Quando eu agendei a triagem, eu não tinha ideia de como era a Vila do João. Na verdade, nunca tinha ouvido falar do lugar. Conhecia a Favela da Maré da música do Paralamas. E só. Por isso, pra mim, essa seria uma triagem como tantas outras que já tinha feito para o projeto. Ia encontrar comunidades pobres. Histórias fortes. Nada de diferente.
Quando chamei a Dra. Hellen Mary, coordenadora voluntária do projeto Dentista do Bem, para me ajudar, eu percebi que não era bem assim. Ela ficou surpresa com minha calma. ‘Você ia lá sozinha?! Você é louca?!’
Ontem, entretanto, o choque foi maior. Logo cedo ela chegou para me buscar na Gávea com um motorista. E foi o caminho inteiro contando como deveríamos nos comportar. ‘Não olha muito pro lado… não tira foto… não fala no celular…’
Quando entramos na linha amarela, pra pegar a saída pra Vila do João, o motorista pediu que abaixássemos os quatro vidros do carro e tirar o cinto. E reforçou: ‘não olha pro lado, finge que você é local’.
Na primeira esquina que paramos para pedir informação já tinha um cara com um rádio e um fuzil pendurado no ombro. Gelei.
O motorista perguntou bem alto onde ficava o posto de saúde do morro… claro, pra cara escutar aonde a gente ia e não ter problema!
A partir daí a coisa foi ficando mais pesada. Toda esquina em que passávamos tinha alguém com armamento pesado, fazendo a vigilância. E conforme fomos entrando, as ruas foram afinando… virando vielas, becos.
Numa dessas ruelas eu vi uma criança correndo… devia ter uns 09, 10 anos e estava com uma pistola amarrada na cintura. O negócio era quase do tamanho dele.
Quando chegamos ao posto de saúde, onde fizemos a triagem, outro choque. O local ficava do lado de uma creche. E na esquina de frente para os dois lugares tinha um cara armado com um fuzil, um rádio pendurado na roupa, fazendo guarda de uma mesa, tipo essas de camelô, na qual um menino de uns 17 anos manipulava drogas… Isso era, tipo, 09h da manhã. E a mesa estava tomada de pacotinhos de pó branco.
Eu nunca tinha vivido nada igual em toda a minha vida. E pra acabar com tudo, as histórias das mulheres daqui são muito mais pesadas que as histórias de São Paulo. Foi um choque de realidade gigante.”
Nossa , realmente um grande CHOQUE DE REALIDADE, saber que isso acontece as vezes na nossa cidade, no bairro vizinho,e nós vivendo no nosso “mundinho” ficamos PERPLEXOS AO LER SOBRE ESSE cotidiano “pesado” de vida! 🙁
Não Angemerli Teodoro, o Planeta Terra não será nunca totalmente do bem, pois existem pessoas como estas, além dos maus por natureza. Não tem mais salvação, a estupidez domina. A missão de cada um, em saber fazer boas escolhas e ser alguém melhor para tentar fazer um mundo melhor, deve ser a meta, mas sempre encontraremos pelo caminho seres assim, as pedras, mas como a água vamos contornando e seguindo o caminho de buscar um mundo melhor para muitos.
Parabéns Marina e Hellen.
Triste realidade… Chocante.
Nossa!quanto comentário grosseiro com o colunista.
Vcs cariocas continuam os mesmos:o Rio de Janeiro se fodendo,e vcs se iludindo com cartões postais.
Um detalhe que sempre passa “propositalmente despercebido” nesses choques de realidade: Os brasileiros, inclusive os que”protestam” e os das elites, são os maiores consumidores de crack do mundo e o segundo maior consumidor de cocaína do mundo. Ou seja eles patrocinam tudo isso que vocês viram. Vergonhoso…
E a legalização das drogas, chega quando?
Não pense que comunidades “pacificadas” são muito melhores não, só ta maquiado!!!
Ah minha filha, eu nem falo tanto sobre as favelas(aqui chamadas de comunidade) cariocas, sou um brasileiro que nasci e fui criado em outro Estado, amava o Rio e vim trabalhar nesse lugar. Ainda gosto, mas a decepção tem aumentado, pois o que é vendido para o turista é a Zona Sul, o Corcovado, a Barra… No entanto, quando a pessoa vem morar de vez, depara-se com o valor exorbitante dos aluguéis, e imóveis na ZS(por exemplo, Kit em Botafogo de 35m2 por R$1.800,00 Mês e sem garagem). Nessa hora a pessoa é obrigada a morar na ZN ou Zona Oeste, nessa última a coisa é mais feia ainda:trânsito caótico, milícia a rodo, traficantes que ficam disparando de fuzil na madrugada, e na tarde do mesmo dia está tomando Açaí na praça do bairro, polícia militar que faz blitz na saída da favela de tarde com meia dúzia de PMs e depois entra(na mesma favela) uma viatura sozinha não sei com que finalidade(como sou inocente). Para ilustrar o que digo, nesses dias ouvi uma piada em numa rádio carioca, na qual o apresentador brincava assim: O Rio termina na saída do túnel Rebouças… essa não fui eu que falei. Ou seja, A Zona Sul é a cidade maravilhosa literalmente.
Ali nasci e adoro o Rio exatamente por ser a síntese do mundo. As maravilhas das esquinas de Ipanema, J. Botânico, confrontadas com a realidade da Maré, do Alemão. Ao contrário dessas corajosas senhoras, nem nos meus piores pesadelos me vejo adentrando os locais que as mesmas desbravam, onde até membro do BOPE tomba e fica combinado assim. Sugiro permanecer em Heliópolis e com a ROTA.
Ok, isso sempre existiu e não há interesse em eliminar isso, infelizmente. Mas essa situação da Maré ocorre em outras favelas da mesma forma nos subúrbios de São Paulo, Salvador, Recife (sei por experiência própria). Sou paulista mas vivo no Rio há 9 anos e afirmo que ainda assim a cidade está muito menos violenta que SP, não tem como comparar. E francamente, quem é que vai pra Maré ou Vila do João se não for para trabalhar em ONG ou coisas do tipo?!? Fala sério…admiro quem luta contra, mas é uma coisa meio inglória porque depende dos políticos que literalmente cagam pra situação – desde que o mundo é mundo. Welcome to the world!
Muito fraco esse comentário, diz que está menos violento? Aqui na ZO a paz é comprada garota, ou seja, para o comerciante não ser assaltado ou ele contribui com o tráfico ou tem de pagar uma taxa para a milícia. São Paulo tem a Polícia Militar mais violenta do País(que mais mata), muitos soldados escondem seus uniformes e carteira após o trabalho,apesar de não terem um dos piores salários,as pessoas sabem que ganham pouco. No Rio,temos a PM mais corrupta do Brasil(infelizmente), as pessoas, em geral, não confiam na corporação, pergunte a um taxista que trabalha fora da Zona Sul como é que são abordados por alguns PMs, principalmente no período noturno. Muitos garotos entram na corporação já sonhando com salário extra(arrego, gato-net, taxa-van e milicia do trator, uma novidade em Campo Grande) e com o “status” que terão com as garotas(pasmem)… Isso é uma realidade cultural, que a meu ver vai demorar muito para ser mudada. Nessa área entendo um pouquinho…
A frustração de paulista se expressa através de uma forte e absolutamente clara inveja do Rio de Janeiro…Lo siento, gata da cabeça raspada, mas que a sua inveja seja transformada em gordura!
André, porque alguém teria inveja de uma realidade dessas? Não assumir que existe essa realidade é um dos motivos que faz com que ela perdure. Se você é carioca, pressione os seus representantes para agirem.
Sinceramente, vc ainda está com esse pensamento retrógrado de que paulista tem inveja do Rio? Ah, por favor, td mundo sabe que em poucas horas pela estrada ou menos ainda, de avião, chega-se à cidade “maravilhosa” e descobre-se RAPIDAMENTE a maquiagem feita pela mídia e as misérias sociais gritantes, acompanhando o resto do país. É muito triste ver a região serrana sendo engolida na enxurrada, crianças de favela com armas na mão e sem comida no prato. Mesmo assim, ainda é legal de se ver um nicho de natureza que sobrevive.
Enquanto qualquer crítica ou constatação de uma realidade continuar sendo rotulada como inveja, certamente não haverá nenhuma possibilidade de evolução verdadeira, porque o pior cego é aquele que não quer ver.
Cara, vc não entendeu nada mesmo, ne? Pra que serve sua cabeça? Pra segurar os cabelos ou apenas p separar as orelhas. Grandes.
O Brasil inteiro tá na m* e vc ainda vem com esse papinho antigo idiota de “inveja de RJ”? Acorda palhaço!
Oi???
vc é brasileiro ??
Não entendeu o que o colunista escreveu ?
BURRO!!!
André, vc é muito pequeno… Se esconde num buraco e vive sua vidinha babaca vendo notícias populares. Idiota…
Só quer nasceu e vive no Rio sabe que o que a Globo mostra nas novelas é maquiado e não existe de verdade. O Rio na verdade é partido em dois ou tres, Zona sul, zona norte e favelas e elas nunca se encontram….quem mora na zona sul tem horror de vir pra zona norte e o preconceito é muito grande…a ponto de simplesmente não se conhecer nada mais do que o mundinho da zona sul
As ocupações dos morros deram-se décadas atras, devido a miséria extrema, e isto é a causa, motivo desta situação. Se nossos governantes fossem honestos, não fossem corruptos, isto não existiria. Mas pelo q vemos em relação aos politícos, pra mudar vai demorar muito ainda. E não é só no Rio, é no Brasil inteiro.
Jair, miséria não é causa de violencia, India é extremamente miserável, e lá a taxa de homicidios é 3,4 por 100 mil habitantes, no Brasil como um todo é de 21 por 100 mil. Então esta desculpa de pobresa não cola.
Marina, que história! Imagino o que você passou, entrando em contato com a realidade que só vemos na TV! Mas imagina como vivem estas pessoas! Essa violência, essa falta de esperança! Quero só er as histórias das mulheres! Bj
Ótimo, menos um a querer migrar para o Rio.
Vai ser bom qdo o mundo tb passar a levar isso em consideração… É muita falta de senso achar que querem migrar para o Rio, qdo todo mundo sabe que o Rio para turistas é lindo, fake e maquiado pela indústria do turismo. Uma cidade que se divide e se tolera. A mídia TENTA enfeitar os morros que não passam de atração bizarra pra turista, tipo circo dos horrores da Idade Média.
O Rio é assim porque tipos como vc gostão ou fazem parte da violencia
Carlos, sinto muito, mas que comentário infeliz.
Oi?
vc é brasileiro ?
Não entendeu o que o colunista escreveu ?
BURRO!
Carlos, porq vc não vai vender água na praia? Quem sabe não se sente mais valorizado… Ignorante… Acha q todo mundo quer viver no RJ? As pessoas querem viver em qq lugar desde q seja dignamente!
Muito triste td isso. Ler isso nos faz pensar que isso não é filme nem novela e sim a nossa realidade.
………………..??????!!!!!!
Meu Deus… se já choro com os choques de realidade que encontramos nas triagens daqui….
Realmente, ainda temos muito pelo que protestar…
E o governo nos engana com conversa fiada… Essa pacificação é para inglês ver, para os turistas que chegarão dentro de pouco para copa e olimpíadas. Afastam o que está mais perto dos olhos… Lamentável.
Não consigo imaginar o quanto a realidade das pessoas que moram no “moro” são complicadas, sofridas, sem liberdade! Muito trsite isso.
Marina querida, vc e a Helen foram corajosas! Fico assim de pernas bambas e com um grande aperto no peito. Impunidade, crianças vitimas da violencia, mulheres espancadas por homens drogados. Meu Deus!! Será que um dia a TERRA sera um planeta do bem? Sinto-me triste …..
é tem muita coisa para protestar ainda…