Os indignos e os indignados
11/01/13 13:30Ouvi há alguns dias uma frase interessante: “O mundo está dividido entre os indignos e os indignados”. Achei a definição simpática… e acabei concordando.
Sem falso moralismo – muito menos proselitismo –, os indignados são aqueles que se preocupam com a porcaria que o mundo está se transformando e se mexem para fazer alguma coisa. Já os indignos cruzam os braços e veem o bonde da história levar a humanidade pra “cucuia”.
Veja que não existem dignos, predestinados, salvadores da pátria… pelo contrário, todos somos responsáveis pelos problemas que vemos lá fora. TODOS! A linha que separa um grupo do outro é muito tênue. A única diferença é que alguns de nós fazem alguma coisa pra mudar a realidade que lhes perturba…
Ai você alguém reclamando aos montes de alguma coisa… e quando se dá conta, toda aquela reclamação não é revertida em nenhuma ação prática. Como um “cidadão” que brada aos berros contra a corrupção de Brasília, mas na primeira oportunidade dá R$50 pra um guardinha de trânsito não o multar. Ou, talvez, um dentista que vive metendo a boca no Conselho Regional de Odontologia e não sai de casa sequer pra votar… Aham!
Sei que é clichê o que vou dizer… até meio cafona. Mas é verdade: a gente pode sim mudar o mundo! Basta arregaçar as mangas… e fazer alguma coisa!
Sei que acabamos tomando uma atitude blasé no meio dessa loucura toda. É quase automático que isso aconteça. Mas não podemos esquecer que o mundo só está desse jeito por causa da gente… e que só a gente pode mudá-lo! Mesmo que seja um pouquinho… É preciso perseverar. Pois esse mundo, amanhã, será dos nossos filhos. E isso que você quer pra eles?!
Diante de uma realidade em que a regra é a injustiça e a miséria, indignar-se é um dever.
Neste caso, cabe retomar a primeira parte do poema “Aos que vão nascer” do grande Bertold Brecht:
É verdade, eu vivo em tempos negros.
Palavra inocente é tolice. Uma testa sem rugas
Indica insensibilidade. Aquele que ri
Apenas não recebeu ainda
A terrível notícia.
Que tempos são esses, em que
Falar de árvores é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?
Aquele que atravessa a rua tranquilo
Não está mais ao alcance de seus amigos
Necessitados?
Sim, ainda ganho meu sustento
Mas acreditem: é puro acaso. Nada do que faço
Me dá direito a comer a fartar
Por acaso fui poupado (Se minha sorte acaba, estou perdido!)
As pessoas me dizem: Coma e beba! Alegre-se porque tem!
Mas como posso beber e comer, se
Tiro o que como ao que tem fome
E meu copo d’água falta ao que tem sede?
E no entanto eu como e bebo.
Eu bem gostaria de ser sábio
Nos velhos livros se encontra o que é sabedoria:
Manter-se afastado da luta do mundo e a vida breve
Levar sem medo
E passar sem violência
Pagar o mal com o bem
Não satisfazer os desejos, mas esquecê-los
Isto é sábio.
Nada disso sei fazer:
É verdade, eu vivo em tempos negros.
Realmente não basta ficar olhando somente para o nosso próprio umbigo e achar que tudo esta bem. É preciso sim ” arregaçar as mangas” e fazer algo em prol da sociedade. É PRECISO ATITUDE!!!
todos devemos fazer nossa parte…
Acredito que todas as coisas e pessoas no mundo estão sempre conectadas, se as coisas estão do jeito que estão, realmente é nossa culpa, tanto dos indignos quanto dos indignados. A diferença é essa mesmo, os indignados acabam mudando algumas coisas no mundo, talvez não tudo, mas já muda alguma coisa. É o primeiro passo.
Prefiro os tons de cinza ao branco e preto. rs.